sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um pouco mais das obras de C. Ferreira por Virginia Maisano Namur

As mulheres de Cleber são pierrôs. Têm o coração na boca e às vezes uma noz no lugar do coração. Outras vezes têm asas. Esvoaçam. Saltitam. Ou se unem em duplas. Dúbias. São brincantes e assustadas, num mundaréu de amarelos, vermelhos e azuis. Mas o mais interessante é o modo como essas cores se superpõem, mesclando-se, borrando-se, integrando-se para ao mesmo tempo se tornarem diáfanas e marcarem o espaço de rastros e trejeitos sutis.
As mulheres de Cleber guardam um mistério ou segredo: não são mulheres,
mas o próprio feminino, que se aninha e concentra em pontos fugazes de movimento e luz. Esboçam-se fluidas, mas se escondem em arquétipos. Configuram-se e, no entanto não se fazem presentes. São doces, macias e intimizadas, mas de repente se mostram distantes, virtuais, como croquis. São leves e luminosas. Contudo deixam entrever uma nódoa, um quê de terra, um se de paixão.
As mulheres de Cleber são um princípio suave que explode.
Virginia Maisano Namur
Mestra em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e Doutora em Artes pela UNICAMP.

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